PROPRIEDADE EM CARIACICA É EXEMPLO DE AGRICULTURA FAMILIAR E PRODUÇÃO ORGÂNICA

Caminhar pela propriedade de Kemisson Geraldo Scalzer, em Cariacica, é conhecer na prática diversos conceitos relacionados à agricultura familiar. O agricultor e a família cultivam frutas em sistema orgânico, criam gado e têm duas agroindústrias: uma para produzir pães, bolos e biscoitos e outra para produzir queijo.

Com uma mesa farta de café da manhã, Kemisson recebeu os integrantes do projeto HorizontES em Extensão desenvolvido pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper). O projeto levou à propriedade do agricultor uma comitiva formada por representantes de diversas instituições.

Estavam presentes representantes do Incaper, da Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), das Centrais de Abastecimento do Espírito Santo (Ceasa), da Agência de Desenvolvimento das Micro e Pequenas Empresas e do Empreendedorismo (Aderes), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e da Prefeitura de Cariacica.

As delícias servidas aos convidados são cultivadas e processadas ali mesmo no sítio. “Nós, simples produtores, estamos muito felizes e honrados com a presença de tanta gente importante aqui”, diz o agricultor, revelando a humildade de quem não se envaidece com os próprios méritos.

Kemisson e a família eram as pessoas mais importantes naquele encontro. Sentado ao lado do pai, ele começa a contar a própria história aos visitantes. Kemisson trabalhou como meeiro, tornou-se atravessador, colocando-se entre o produtor rural e o comerciante varejista, mas sempre teve um sonho a mais.

“Eu trabalhava em Santa Teresa como meeiro, aí saí. Eu lembro até hoje, foi no dia que o Brasil perdeu a Copa do Mundo para a França, em 1998. Trabalhei de atravessador na Ceasa, comprava de um e tentava vender mais caro para outro para ganhar alguma coisa. Mas eu tinha que apertar muito o produtor, não achava isso bom. Foi quando Deus me deu a oportunidade”, diz.

Para ele, não bastava ser agricultor. Era preciso produzir alimentos saudáveis, beneficiar os produtos ali mesmo na propriedade, envolver toda a família toda e comercializar diretamente ao consumidor final. Até que o sonho de Kemisson tornou-se realidade.

Ele adquiriu a propriedade rural de quatros hectares em Cariacica e hoje pratica agricultura sustentável na região Metropolitana da Grande Vitória. Kemisson fez questão de manter o nome que o antigo dono tinha dado à propriedade, que traduzia justamente os anseios do agricultor. Atualmente, o Sítio Um Sonho a Mais é administrado por Kemisson, com a ajuda dos pais, da esposa e dos filhos dele. “Eu gostei do nome e resolvi deixar”, diz.

A diversificação está presente na lavoura, onde são plantadas banana, acerola e aipim. “Essa banana Janaúba precisa de muito insumo, não dá para mim. Vou plantar a banana Vitória, que inclusive foi o Incaper que desenvolveu, porque ela é mais resistente”, menciona em meio ao bananal extinto, referindo-se às ações integradas de pesquisa, assistência técnica e extensão rural desenvolvidas pelo Instituto.

Foto: O sítio de Kemisson Geraldo Scalzer recebeu os integrantes do projeto HorizontES em Extensão.

O empreendedorismo se mostra nas agroindústrias e nas ações de comercialização, por meio de políticas públicas como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), eventos e feiras. “Eu acho que a única barraca de feira que não leva um item de outro produtor é a minha. Eu só levo o que eu produzo”, orgulha-se.

A sucessão familiar encontra-se no envolvimento dos filhos do agricultor. “Meu pai e minha mãe estão fazendo queijo. Meu filho de 15 anos está na feira vendendo. Minha filha Mayara levou ele de carro. Minha esposa está na outra agroindústria e eu estou aqui recebendo vocês. Mas normalmente estou cuidando da plantação, das vacas”, detalha Kemisson.

E a sustentabilidade permeia todos os contextos, explicitando-se no manejo orgânico e agroecológico adotado na propriedade. “Ordenho as vacas duas vezes por dia. O leite vai para agroindústria para virar queijo. Cuido do esterco que elas produzem e uso para jogar na plantação. Isso daqui é uma das vantagens de a gente ter o esterco como ‘compost’. Olha a textura que o esterco fica! A gente mexe ele duas vezes por dia e o esterco fica soltinho! Isso aqui, para as nossas lavouras, é excelente” afirma enquanto esfarinha com as mãos o adubo fininho que acabou de produzir e que, em breve, será depositado no pé de cada planta que cultiva.

O Projeto HorizontES em Extensão

A experiência de Kemisson Geraldo Scalzer pode servir de exemplo para outras famílias rurais do Espírito Santo, pois agrega, em uma pequena propriedade, práticas relacionadas a empreendedorismo, sustentabilidade, cultivo orgânico, pecuária, agroindústria, geração de emprego e renda. Por isso foi selecionada para participar do projeto HorizontES em Extensão, que pretende mostrar 11 experiências de relevância para o desenvolvimento rural capixaba.

Kemisson participa do Grupo de Agricultores Agroecológicos de Cariacica e faz parte da Associação de Produtores Rurais de Boa Vista. “Ele é atendido pelo Incaper e pela Seag, que o estimulam a produzir de forma orgânica e comercializar nas feiras da Grande Vitória. Assim consegue sustentar com qualidade a sua família e ainda gerar postos de trabalho na propriedade de apenas quatro hectares” analisa o extensionista do Incaper e coordenador do Centro Regional de Desenvolvimento Rural (CRDR) Metropolitano, Luiz Carlos Leonardi Bricalli.

O extensionista do Escritório Local de Desenvolvimento Rural (ELDR) do Incaper em Cariacica, Leonardo Moreira Borges de Souza, lembra que o instituto presta assistência à propriedade do agricultor há algum tempo. “Tem dois anos que estamos no município acompanhando o Kemisson, mas o trabalho começou lá atrás com o colega Edegar Formentini, que já se aposentou”, conta ao lado do colega Haroldo Mascarenhas da Silva.

A indicação da propriedade do agricultor Kemisson Geraldo Scalzer para receber a comitiva do HorizontES em Extensão foi elogiada pelo Secretário de Agricultura e Pesca de Cariacica, Carlos Ceschin. “Foi uma feliz escolha. No passado, o Kemisson utilizou a agricultura convencional. Depois passou para o orgânico mais a agroindústria. É um trabalho brilhante, um marco para Cariacica. Kemisson representa os nossos melhores agricultores”, destaca o secretário.

O representante da Seag, Luciano Fazolo, complementa: “Acompanhamos o Kemisson há algum tempo e somos testemunhas de toda essa transformação. O poder público é facilitador deste processo. Este conjunto de instituições presentes aqui neste momento está justamente reconhecendo esses resultados”, afirma.

“Viemos até aqui para mostrar o quanto a Ceasa pode ser útil na comercialização, orientando quanto à rastreabilidade, que é uma exigência nacional. Além disso, coordenamos o Núcleo de Atendimento ao contribuinte (NAC), e podemos contribuir com preciosas informações sobre a nota fiscal do produtor”, pontua o representante da Ceasa, Marcos Magalhães.

Segundo o superintendente federal do Mapa, Aureliano Nogueira da Costa, a visita à propriedade do Kemisson mostra a importância das parcerias. “Temos que reconhecer a importância das ações estratégicas das instituições e do agricultor. Estes resultados belíssimos apresentados aqui são fruto de um esforço coletivo. Em um único momento, estão reunidas todas as entidades públicas ligadas à agricultura”, diz após animar os participantes ao som da concertina.

Para o diretor-técnico do Incaper, Nilson Araujo Barbosa, a integração das diversas instituições é o segredo do sucesso. “Ninguém faz nada sozinho. Todos temos desafios, orçamentários inclusive, e as parcerias são fundamentais para todos os envolvidos. O Incaper tem uma rede de parceiros e profissionais que garante excelência aos trabalhos realizados. A atuação do Incaper está além da integração entre pesquisa, assistência técnica e extensão rural, e o HorizontES em Extensão traz todo esse arcabouço dentro de um contexto maior: beneficiar a sociedade capixaba como um todo”, conta.

A coordenadora do HorizontES em Extensão e Gerente de Assistência Técnica e Extensão Rural (Gater) do Incaper, Jaqueline Sanz, ratifica que é justamente este o propósito do projeto. “A proposta é dar visibilidade às ações que tenham relevância para o desenvolvimento rural capixaba. Todos os dias o Incaper constrói lindas ações junto à agricultura familiar do Espírito Santo. Neste momento, em outros municípios, estão existem várias outras experiências. A ideia do HorizontES é que estas experiências sejam conhecidas pelo maior número de pessoas, que sirvam de bons exemplos”, diz.

O projeto HorizontES em Extensão é viabilizado com recursos oriundos de um convênio estabelecido entre o Incaper e o Ministério da Agricultura, Pecuária de Abastecimento (Mapa). A parceria prevê, entre outras metas, a realização de ações no Programa de Aperfeiçoamento em Práticas e Projetos de Desenvolvimento Rural dos Agentes do Incaper.

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Esta notícia foi autorizada para publicação. 

Créditos: Juliana Esteves da Coordenação de Comunicação e Marketing do Incaper

Congresso em Lages discute qualidade do leite brasileiro

Entre os dias 11 e 13 de setembro especialistas do Brasil e do mundo estarão reunidos em Santa Catarina para o 8º Congresso Brasileiro de Qualidade do Leite. O evento acontece no Centro Serra Convention Center, em Lages e vai reunir representantes de todos os elos dessa cadeia produtiva, além de interessados em geral.

Este é o evento científico mais relevante da área no Brasil e deve reunir mais de 300 trabalhos e resumos, com os resultados mais recentes de pesquisas sobre o tema. O Congresso é realizado pelo Conselho Brasileiro de Qualidade do Leite (CBQL), com apoio da Epagri e de outras instituições.

Na programação, discussões relevantes sobre esse alimento, como controle de resíduos tóxicos e qualidade em condições de estresse térmico, na produção orgânica e em condições de confinamento. O evento se propõe ainda a promover uma visão sobre a qualidade do leite na era 4.0 e debates sobre o futuro dos programas de qualidade do leite em função das novas normativas brasileiras. Também serão oferecidos minicursos sobre a utilização de métodos de identificação de agentes de mastite na propriedade e sobre programas de autocontrole nas indústrias de laticínios.

 

Foto: Aires Mariga

Palestrantes de importantes instituições mundiais vêm ao Estado debater a qualidade desse que é um dos alimentos mais importantes para os brasileiros. Lorraine Sordillo, doutora em imunologia pela Louisiana State University é uma delas. Ela é frequentemente solicitada para falar em reuniões nacionais e internacionais relacionadas à saúde do gado leiteiro e recebeu vário prêmios por sua pesquisa. O Departamento de Agricultura e Ciências Florestais da Universidade de Tuscia-Viterbo, na Itália, estará representado por Umberto Bernabucci, professor de fisiologia ambiental e nutrição de ruminantes. Ainda entre os palestrantes internacionais, destaque para Marcos Muñoz Domon, Ph.D. em Ciência Animal na Universidade de Cornell (EUA) e presidente do Comitê de Monitoramento de Leite de Qualidade daquele país.

A eles se juntam palestrantes de destacadas instituições de ensino e pesquisa do Brasil, como Mônica Maria Oliveira Pinho Cerqueira, Doutora em Ciência Animal pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), instituição na qual é professora titular. Ela é membro da Comissão Científica Consultiva em Tecnologia de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e Vice-presidente do CBQL. A Embrapa será representada por Maria Aparecida Vasconcelos Paiva Brito e Alessandro de Sá Guimarães. Também estarão presentes palestrantes da USP e da Udesc, entres outros.

Santa Catarina é o quarto produtor nacional de leite. De acordo com o Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar (Epagri/Cepa), ao longo dos anos recentes, a produção catarinense cresceu de maneira muito mais significativa do que a da maioria dos estados. Segundo os dados mais recentes, o Oeste responde cerca de 80% da produção catarinense, seguido pelo Sul do Estado. Os dados da Epagri/Cepa mostram ainda um significativo crescimento da produtividade do rebanho leiteiro catarinense, o que explica a maior parte do crescimento de 103,1% da produção leiteira catarinense verificada entre 2006 e 2017.

Em 2018, nada menos de 24,5 bilhões de litros de leite chegaram à mesa dos brasileiros, seja na forma líquida ou em derivados.

Serviço

  • O que: 8º Congresso Brasileiro de Qualidade do Leite
  • Quando: de 11 a 13 de setembro
  • Onde: no Centro Serra Convention Center, em Lages
  • Informações e entrevistas: Vagner Miranda Portes, Diretor da Epagri e coordenador da comissão cientifica do 8º CBQL, pelo fone (48) 3665-5228

Saiba mais sobre o evento, clicando aqui! 
Esta notícia foi autorizada para publicação.

Créditos: Gisele Dias – Assessoria de Comunicação da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI).

Seminário em Sombrio discute cultivo do maracujá

Cultura, importante para economia do Sul do Estado, correu risco de desaparecer após ataque de virose

A Epagri realiza nesta terça-feira, 25, em Sombrio, o III Seminário Regional sobre Maracujazeiro. A programação, que inicia às 9h e segue às 16h, vai tratar principalmente do combate à virose do endurecimento do fruto, doença que quase dizimou os pomares da fruta em Santa Catarina e que foi controlada graças a um esforço conjunto de toda a cadeia produtiva, liderado pela Epagri.

Santa Catarina produz o melhor maracujá do Brasil para consumo in natura. Seu tamanho e volume de polpa são os diferenciais que fazem a fruta ser quase toda comercializada na região Sudeste do país. Essa qualidade é resultado de anos de trabalho com a fruta, que começou a ser cultivada de forma profissional no território catarinense por volta de 1990. Em 2005 teve início a pesquisa da Epagri que, uma década depois, resultou no lançamento da variedade SCS437 Catarina. A seleção genética destacou as melhores características do fruto: grande, bem preenchido, com polpa de boa cor, casca espessa e formato mais ovalado.

Todo esse trabalho correu o risco de desaparecer em 2016, quando o vírus causador do endurecimento do fruto chegou aos pomares do Sul de Santa Catarina, a principal região produtora do Estado. Não fosse uma ação rápida e conjunta liderada pela Epagri, esse ser microscópico poderia ter dizimado a produção da região, como já aconteceu no Norte Catarinense, onde a área plantada reduziu drasticamente nos últimos anos devido a uma série de percalços, entre eles o ataque de doenças. Leia reportagem sobre esta ação.

Hoje Santa Catarina conta com mais de 2 mil hectares de maracujazeiros, 90% desse total concentrado na região Sul do Estado. São aproximadamente 900 famílias que têm essa cultura agrícola como atividade econômica. Mais de 95% da produção é realizada por agricultores familiares.

Sombrio, que vai sediar o Seminário, tem a maior área plantada do Estado, com 535 hectares. Segundo Sandoval Miguel Ferreira, extensionista da Epagri no município, Santa Catarina deve colher 48 mil toneladas de maracujá na safra 2018/2019, que se encerra agora em junho. “O preço médio do quilo deve fica no patamar de R$ 1,52, um valor bruto total estimado em R$ 72,9 milhões”, calcula Sandoval.

Diante da importância do maracujá para Santa Catarina e especialmente para o Sul do Estado a Epagri promove a terceira edição do Seminário do maracujazeiro que busca, principalmente, consolidar o trabalho de controle à virose, que deve ser contínuo e contar com apoio de todos os membros da cadeia produtiva.

Serviço

  • O que: III Seminário Regional sobre Maracujazeiro
  • Quando: terça-feira, 25 de junho, a partir das 9h
  • Onde: em Sombrio, no auditório da escola Nair Alves Bratti (av. Nereu Ramos, 2611, Parque das Avenidas)
  • Informações e entrevistas: Sandoval Miguel Ferreira, extensionista da Epagri em Sombrio, pelo fone (48) 3529-0225.

 

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Esta notícia foi autorizada para publicação. Créditos à Gisele Dias, da Assessoria de Comunicação da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI).