Governo Federal divulga Plano Safra 2020/2021

O governo federal anunciou nesta quarta-feira (17), durante cerimônia no Palácio do Planalto, a liberação de R$ 236,3 bilhões em financiamentos por meio do Plano Safra 2020/2021 para os agricultores familiares, médios e grandes produtores. Os financiamentos poderão ser contratados de 1º de julho de 2020 a 30 de junho de 2021.

Do total, R$ 179,38 bilhões serão destinados ao custeio e comercialização (5,9% acima do valor da safra passada) e R$ 56,92 bilhões serão para investimentos em infraestrutura (aumento de 6,6%). Todos esses recursos vão garantir a continuidade da produção no campo e o abastecimento de alimentos no país durante e após a pandemia do novo Coronavírus.

É cerca de R$ 10 bilhões a mais que os R$ 225,59 bilhões anunciados na safra passada. A liberação dos recursos do plano agrícola começará em julho, quando se encerra o atual, e seguirá até junho do ano que vem.

O valor total do plano desta temporada será distribuído da seguinte maneira:

  • R$ 33 bilhões para agricultores familiares participantes do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf);
  • R$ 33,20 bilhões para médios agricultores (Pronamp);
  • R$ 170,17 bilhões para demais produtores e cooperativas.

Do total, R$ 179,38 bilhões serão destinados a linhas de crédito custeio e comercialização e R$ 56,92 bilhões serão para investimentos em infraestrutura.

Agricultura familiar

Segundo o governo, os agricultores familiares terão R$ 33 bilhões para financiamento pelo Pronaf, com juros de 2,75% e 4% ao ano, para custeio e comercialização.

Do total, R$ 19,4 bilhões são para linhas de custeio da atividade e R$ 13,6 bilhões para investimentos na propriedade.

Os agricultores familiares poderão continuar usando o crédito para financiar e reformar casas rurais. Nesta safra, os recursos para este fim somam R$ 500 milhões.

O filho ou filha do agricultor familiar, que possua Declaração de Aptidão (DAP) da sua unidade familiar, poderá também solicitar financiamento para construção ou reforma de moradia na propriedade dos pais.

No Programa de Garantia de Preços para Agricultura Familiar (PGPAF), o bônus de desconto será elevado para as operações de custeio e de investimento.

Nos investimentos coletivos para atividades de suinocultura, avicultura, aquicultura, carcinicultura (criação de crustáceos) e fruticultura, o limite por beneficiário foi ampliado.

Seguro rural

O Estado Brasileiro anunciou que haverá R$ 1,3 bilhão para subsídio do seguro rural, recurso que será distribuído ao longo de 2021. Se confirmado, já que o montante costuma passar por contingenciamento durante o ano, será o maior valor da história.

Segundo o governo brasileiro, o valor deve possibilitar a contratação de 298 mil apólices, possibilitando um montante segurado da ordem de R$ 52 bilhões e cobertura de 21 milhões de hectares.

Sustentabilidade

O Plano Safra destaca linhas de crédito que contribuem para a sustentabilidade da agricultura. O Programa para Redução de Emissão de Gases de Efeito Estufa na Agricultura (Programa ABC), que é a principal linha para financiamento de técnicas sustentáveis, terá R$ 2,5 bilhões em recursos com taxa de juros de 6% ao ano, uma ampliação de R$ 400 milhões. Na safra 2020-2021, os produtores terão acesso à linha ABC Ambiental, com recursos para restauração florestal, voltada para contribuir com a adequação das propriedades rurais ao Código Florestal. A taxa de juros é de 4,5% ao ano.

A partir de 1º de julho de 2020, os produtores poderão financiar aquisição de cotas de reserva ambiental, medida aprovada pelo Conselho Monetário Nacional.

Também há incentivos à adoção de tecnologias relacionadas aos bioinsumos dentro das propriedades rurais e pelas cooperativas. Os produtores podem acessar pelas modalidades de custeio, para aquisição de bioinsumos, ou investimento, na montagem de biofábricas dentro das propriedades (onfarm). Os recursos estão previstos no Inovagro e, no caso dos investimentos em biofábricas, podem chegar a 30% do valor de todo o financiamento. Para as cooperativas, as linhas de crédito é o Prodecoop, para a aquisição de equipamentos para a produção dos bioinsumos.

Outra novidade é o Pronaf-Bio, voltado para apoiar as cadeias produtivas da bioeconomia.

Inovação

No Plano Safra 2020/2021, está disponível financiamento para aquisição de equipamentos de monitoramento climatológico, como estações meteorológicas e softwares, e de monitoramento da umidade do solo. Os financiamentos poderão ser feitos pelo Programa de Incentivo à Irrigação e à Produção em Ambiente Protegido (Moderinfra).

A pecuária também terá apoio financeiro por meio do Programa de Incentivo à Inovação e Tecnológica na Produção Agropecuária (Inovagro). Os pecuaristas poderão financiar a aquisição de equipamentos e serviços de pecuária de precisão.

Os setores da pecuária bovina e bubalina, de leite e de corte também estão contempladas nos financiamentos para automação, adequação e construção de instalações.

Assistência Técnica

Os agricultores familiares e os médios produtores poderão financiar atividades de assistência técnica e extensão rural, de forma isolada, por meio do Pronaf e Pronamp, respectivamente.

Fonte: MAPA.

Epagri lança livro sobre a história da extensão rural no Brasil e em SC

No dia 29 de maio a Epagri lança o livro “Aspectos históricos da extensão rural no Brasil e em Santa Catarina”, que traz um testemunho do autor, engenheiro-agrônomo Glauco Olinger, sobre a construção da extensão no território nacional. O evento será virtual, a partir das 11h, aberto a todos os interessados.

Glauco é pioneiro da extensão rural em Santa Catarina e fundador da Acaresc, uma das empresas que deram origem à Epagri. Aos 97 anos e com uma memória invejável, ele narra no livro a história por ele vivenciada. Segundo o autor, a obra resgata os fundamentos, a trajetória e as conquistas dos primeiros tempos da extensão rural e é dedicada a todos que queiram conhecer essa história.

Como gestor da antiga Acaresc por vários anos, Glauco foi pioneiro em métodos de difusão agropecuária, técnicas de conservação do solo, estimulando a introdução de equipamentos agrícolas modernos para a época e a educação para jovens e mulheres agricultoras. Trouxe a Santa Catarina as primeiras raças de suínos tipo carne, que alavancaram a agroindústria catarinense e brasileira, bem como raças especializadas de gado leiteiro. Incentivou o cooperativismo e implantou o Programa de Fruticultura de Clima Temperado que, somado aos esforços da pesquisa agropecuária no estado, tornou SC líder na produção de maçãs. Apoiou ainda a criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a atual Embrapa.

“Se hoje o território barriga verde é modelo nacional e internacional em tecnologias agropecuárias, isso não aconteceu por acaso. O papel de Glauco Olinger foi decisivo para o estado atingir esta realidade”, afirma a presidente da Epagri, Edilene Steinwandter. Ela ressalta o compromisso da obra com a fidedignidade. ” Acontecimentos históricos, quando relatados e analisados por quem, efetivamente, os vivenciou, assumem, via de regra, alta credibilidade e valor”, diz Edilene.

A obra tem 84 páginas e traz imagens históricas do acervo da Epagri e do arquivo pessoal de Glauco. Nela o autor conceitua a extensão rural e seus princípios de ação, fala da instalação do serviço de extensão rural no Brasil e dos antecedentes da extensão rural em Santa Catariana, explica o que foi o ETA-Projeto 17 e os impactos e resultados da extensão rural no estado, esclarece como foi a influência da extensão rural na origem e criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e os valores, virtudes e proselitismo político na Acaresc. A obra ficará disponível no site da Epagri para livre download.

O autor

Glauco e a presidente da Epagri, Edilene Steinwandter
O professor e engenheiro-agrônomo Glauco Olinger é catarinense, nascido em setembro de 1922. Iniciou sua trajetória acadêmica e profissional em 1941 como aluno do Pré-Agronômico na Escola Superior de Agricultura de Viçosa (ESAV), em Minas Gerais. A partir de sua graduação em Agronomia (dezembro de 1946), exerceu múltiplas funções em diferentes áreas de atuação: ensino agrícola, fomento agropecuário, engenharia rural, colonização, política agrária, extensão rural, pesquisa, consultoria internacional.

Ele foi secretário da Agricultura em Santa Catarina, presidente da Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (Embrater), idealizador e criador do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Santa Catarina. No entanto, sua maior expertise profissional foi, e continua sendo, a extensão rural, desde que implantou o ETA-Projeto 17 (futura Acaresc) em fevereiro de 1956 e onde atuou por cerca de seis décadas, contribuindo para transformar Santa Catarina num dos principais produtores de alimentos saudáveis do país.

Arado com tração animal, uma das primeiras tecnologias utilizadas pela extensão rural. Acervo de Glauco Olinger


Serviço

O que: lançamento virtual do livro “Aspectos históricos da extensão rural no Brasil e em Santa Catarina”, de autoria Glauco Olinger

Quando: 29 de maio de 2020, a partir das 11h

Onde: pelo link https://meet.google.com/pvj-cyrp-evj

Como adquirir o livro: Após o lançamento, a obra ficará disponível no site da Epagri para download gratuito

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Esta notícia foi autorizada para publicação.

Créditos: Gisele Dias – Assessoria de Comunicação da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI)

Como inovar nas aulas de Extensão Rural?

Nos cursos das Ciências Agrárias, a disciplina de Extensão Rural demanda muito a atenção dos docentes no sentido de compreender como fazer para que disciplina possa se tornar atrativa para, em especial, um público que é cativado muito mais pelo ensino tecnicista e menos muito menos pelo humanista. 

Nesse sentido, o Portal “O Extensionista” traz algumas dicas para inovar na disciplina de Extensão Rural em sua Instituição de Ensino Superior. Confira!

1. Metodologias Ativas na Extensão Rural

–  A disciplina de Extensão Rural precisa ser reconfigurada. Não é mais possível trabalhar com ela desconexa do coração dos alunos. Extensionistas lidam com pessoas, com projetos de vida de famílias rurais, com desenvolvimento das comunidades rurais. Professores de Extensão Rural lidam com acadêmicos, com projetos de vida de acadêmicos, com desenvolvimento intelectual de seus alunos. Portanto, ambos precisam colocar doses de amor e dedicação no processo de transformação social.  

– As Metodologias Participativas de Extensão Rural prezam por dar voz as famílias agricultoras. Por que, então, não dar voz ao nosso aluno?

– Faça com que o acadêmico seja o protagonista do seu processo de aprendizado. Incentive a desenvolver habilidades e competências em que ele se sinta partícipe do processo.

– Use a “Sala de Aula Invertida” (flipped classroom) com o objetivo trocar a maioria das aulas expositivas por conteúdos virtuais.

– Algumas técnicas possíveis para serem usadas em sala de aula:

a) Aprendizagem baseada em projetos de desenvolvimento rural;

b) Aprendizagem baseada em problemas do meio rural;

c) Estudo de caso sobre a Agricultura Familiar;

d) Aprendizagem entre pares ou times em sala de aula.

2. Aproxime sala de aula e campo

– Leve os alunos para o campo vivenciar como o Extensionista emprega as suas metodologias de trabalho em Extensão Rural. Caso não puder, traga profissionais da Extensão Rural para participarem da sua aula. Esse contato com o profissional da Extensão Rural de campo desperta o interesse pela área e faz os alunos possuírem mais interesse pela sua aula.

3. Use e abuse das Metodologias Participativas de Extensão Rural

– Há diversos técnicas de metodologias participativas que podem ser colocadas para que os discentes façam a execução.

– Crie um laboratório em sala de aula em que os grupos possam exercitar como se pode construir com as famílias agricultoras as seguintes técnicas: calendário sazonal, caminhada, caminhada transversal, descoberta técnica, dia de campo, diagnóstico participativo por campo, diagrama de Venn, eleição de prioridades, hierarquização por frequência, entrevista estruturada, entrevista semiestruturada, excursão, linha do tempo, mapeamento participativo, oficinas, painel de visualização, reunião problematizadora, semana especial, tempestade de ideias, unidades de experimentação (UE).

4. Reduza o uso de Power Point (apresentação visual)

– O programa da Microsoft auxiliou muito na educação brasileira, ajudou muitos professores, inovou. No entanto, hoje não é mais diferencial. O uso desproporcional do Power Point ou o seu uso não didático faz com que os alunos não prendam a atenção na aula. Aliás, o quadro tem se tornado novamente um ótimo recurso para quebrar essa corrida de conteúdo para vencer a ementa da disciplina. O tempo do quadro é um tempo mais razoável que o tempo da apresentação visual. O discente precisa mastigar o conteúdo. Correr com os slides não ajuda definitivamente no processo de ensino na Extensão Rural.

5. Use as Tecnologias de Informação e Comunicação ao seu favor.

– Atualmente nossos jovens possuem muita familiaridade com redes sociais, aplicativos, elaboração de vídeos e banners digitais. Use essas ferramentas para dinamizar sua aula.

– Solicite que as apresentações de trabalho sejam feitas com vídeo elaborado pelos alunos. Ou que eles façam banners digitais e postem em suas redes sociais. Há diversas ferramentas que podem ser usadas para que os alunos se aproximem da aula e do conteúdo da Extensão Rural.

– Há ainda plataformas como Canva, Youtube, Blogger (construção de Blogs), Coggle (mapa mental) e Wikipédia que podem ajudar no processo de Ensino e Aprendizagem.

6. Tecnologia é bom, mas leitura é fundamental.

– Não é possível que se formem bons Extensionistas sem que eles se aprofundem nas diretrizes teóricas da Extensão Rural. É preciso provocá-los para a leitura.

– Realizar aulas em que grupos são responsáveis por explicar textos, debater, dialogar sobre os enfoques e diretrizes da Extensão Rural é uma boa pedida sempre. Estimule-os com nota. Afinal, o jogo de sala de aula precisa ser jogado.

7. Aprender e Exercitar

– A sala de aula precisa ser um laboratório de Extensão Rural. O professor ensina algo, o aluno reflete e já se sugere que ele exercite o que aprendeu. Esse processo envolve planejamento didático mais apurado que proporciona efeito muito bom em sala de aula. Instigue seu aluno. Tire ele da passividade.

8. Envolva os discentes no Diagnóstico Rural participativo

– Crie um espaço na disciplina para que os alunos saiam em busca de realizar um diagnóstico rural participativo com as famílias rurais. A ida a campo, pelos discentes, trará grandes experiências para sala de aula.

[Esse é um post que aceita sugestões de estratégias didáticas para inovar na docência em Extensão Rural. Contribua conosco! ]

Como citar esse texto:

O EXTENSIONISTA. Como inovar nas aulas de Extensão Rural?. v.1, n.8, p. 1-3, Maio. 2019. Disponível em: https://oextensionista.com/2019/05/07/como-inovar-nas-aulas-de-extensao-rural/ . Acesso em: DIA Mês. ANO

Os serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural no Brasil

Atualmente, o Brasil possui 2.062.256 beneficiários atendidos pelos serviços de Extensão Rural.

Destes, 28% do público beneficiário concentra-se na região Sudeste, 26% na região Nordeste, 22% na região Sul, 13% na região Norte e 11% na região Centro-Oeste, conforme dados da Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural (ASBRAER, 2018).

No Brasil, a extensão rural pública oficial possui 5.295 unidades de atendimento distribuídos pelos estados (ASBRAER, 2018).

Os estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina estão entre as cinco unidades federativas que tem maior atuação das empresas oficiais de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER).

Estes estados se constituem referência em extensão rural no país.

O Portal O Extensionista sistematizou os dez estados que representam o maior número de Unidades de Atendimento de ATER por Unidade Federativa (UF):

  1. Minas Gerais: 749 unidades da EMATER-MG
  2. São Paulo: 635 unidades da CATI-SP
  3. Rio Grande do Sul: 513 unidades da EMATER-RS
  4. Paraná: 429 unidades da EMATER-PR.
  5. Santa Catarina: 340 unidades da EPAGRI-SC
  6. Bahia: 325 unidades da Bahiater/SDR
  7. Paraíba: 238 unidades da EMPAER
  8. Goiás: 228 unidades da EMATER-GO
  9. Pernambuco: 209 unidades do IPA
  10. Ceará: 190 unidades da EMATERCE-CE

Os estados brasileiros listados com maior número de unidades de atendimento de ATER foram, justamente, os locais que focaram maior atenção e investimentos financeiros na prestação de serviços de ATER e na mobilização dos agentes de desenvolvimento para qualificar os agricultores. 

Distrito Federal, Acre e Maranhão são as unidades federativas que possuem o menor número de atendimentos de ATER com, respectivamente, 23, 27 e 28 unidades.

Referências

Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural – ASBRAER.  Rede de Extensão Rural oficial. 2018. Disponível em: http://www.asbraer.org.br/.