Família cultiva horta e lança delivery de verduras orgânicas em Alfredo Chaves

O método foi aderido como forma de driblar a crise, após o fechamento de feiras livres, devido ao coronavírus.

Imagine cultivar uma horta orgânica no quintal, colher mais de vinte tipos de verduras sem o uso de agrotóxicos, e ainda vender para os vizinhos pela internet. É o que tem feito a família Roversi no bairro Cachoerinha, em Alfredo Chaves, município da região Sul do Estado.

A nutricionista Fabiana Roversi, de 34 anos, foi quem trouxe a ideia para dentro de casa na intenção de aumentar a renda familiar durante a crise, causada pela pandemia no novo coronavírus. Eles só usam esterco de caprinos criados na propriedade.

“Só usamos adubo de carneiro que papai cria aqui em casa mesmo e o de gado, que compramos fora. Convidei uma grande amiga da gente, a tia Cida, porque ela sempre nos incentivou e também precisava engordar o orçamento. E a gente também. Né? Ela morava no interior, mas sempre usou agrotóxico. Além disso, eu sempre quis investir nesse mercado. Por aqui não tem nada de orgânico e o que tem é muito caro. E mais do que nunca, precisamos manter a imunidade alta e as verduras repletas de venenos fazem o efeito contrário disso” relata a nutricionista Fabiana.

A família realiza as vendas através das redes sociais. Foto: Clovis Rangel.

Responsável pela publicidade dos produtos, a nutricionista enfatiza ainda que as entregas são feitas diariamente com o auxílio das redes sociais, uma vez que a feira da cidade está interditada para bloquear a proliferação da Covid-19 no município. “Posto as fotos no meu Facebook e Instagram e deixo nossos números de telefone. Daí os vizinhos fazem as encomendam pelo WhatsApp e nós entregamos. Sempre de máscaras, álcool-gel e mantendo o distanciamento”.

Todos os detalhes técnicos da plantação foram projetados e são mantidos pelo pai da Fabiana, o Jomar Luiz Roversi, de 61 anos, técnico agrícola aposentado do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper). “A parte de irrigação foi eu que fiz e ainda plantei diversas plantas aqui para combater as pragas. A horta começou a ter vida no final de abril deste ano e já produziu couve, couve-flor; pimentão, couve-chinesa; repolho, pepino; quiabo, brócolis; beterraba, alho-poró; rúcula, espinafre; almeirão, alface; salsa, cebolinha verde e coentro. Temos plantados o agrião e o brócolis de cabeça, mas ainda não começaram a produzir. O cultivo é ecologicamente correto, sem uso de aditivos químicos. Nosso objetivo é conseguir o selo orgânico em breve”, salienta Jomar.

Já a limpeza dos canteiros, escarificação e os serviços capinas ficam por conta da Janete Roversi, a matriarca da família, de 59 anos, e da dona de casa Aparecia Simoura, 47, a tia Cida. Segundo elas, o amor pelo trabalho no campo é uma herança. “Aprendemos a plantar com nossos pais e até hoje não paramos. Amamos a roça. E toda semana temos o nosso dinheirinho”, divertem-se.

Quem aprova a ideia é o servidor público Darcy de Paula Gaigher, 30 anos. Vizinho da horta, ele salienta que tem um “disque-entrega” de verdura orgânica bem ao lado de onde mora. “Delivery de hortaliça sem agrotóxico bem no meu bairro foi a melhor ideia. Tenho um filho de menos de 1 ano e minha esposa precisa consumir alimentos de qualidade. Compro toda semana!”, comemora.

Texto: Clovis Rangel.

Publicação original: Redação Folhaonline.es

 

Câmara do Agro 4.0 promove debate sobre conectividade e novas tecnologias para o meio rural

O objetivo da Câmara é implementar ações destinadas à expansão da internet no meio rural, ao aumento da produtividade no campo, e à difusão de novas tecnologias para o agronegócio

Na primeira reunião da Câmara do Agro 4.0, nesta terça-feira (22), durante a programação da 16ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, que acontece até domingo no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, em Brasília/DF, representantes dos diversos órgãos e instituições que compõem o colegiado empreenderam um debate sobre conectividade e difusão de novas tecnologias para o meio rural.

Resultado de um acordo de cooperação técnica entre os Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), o objetivo da Câmara do Agro 4.0 é implementar ações destinadas à expansão da internet no meio rural, ao aumento da produtividade no campo, e à difusão de novas tecnologias e serviços inovadores, principalmente nas pequenas e médias propriedades rurais. O grupo também pretende estimular a capacitação profissional dos produtores rurais para manipular as novas tecnologias no mundo agro.

Na abertura dos trabalhos, na manhã desta terça-feira, os secretários de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Mapa, Fernando Camargo, e de Empreendedorismo e Inovação do (MCTIC), Paulo César Rezende de Carvalho Alvim destacaram a importância da reunião para aproximar os membros e para elencar e discutir os temas prioritários da Câmara. “A proposta é articular e alinhar ações para o agronegócio frente aos desafios vivenciados pelo setor”, explica Fernando Camargo.

Na reunião foi apresentado o estudo feito pela ESALQ/Usp para mapear a situação da conectividade no Brasil. Os resultados preliminares mostram que menos de 4% do território nacional é conectado à internet e que há uma demanda por pelo menos 5.600 antenas para melhorar a oferta de banda larga no país.

A Câmara do Agro 4.0 também conta com ampla participação da academia, institutos de ciência e tecnologia, iniciativa privada e demais atores relevantes do ecossistema de inovação no contexto do agronegócio nacional.

A Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater) é uma das parceiras, e durante a reunião, o presidente Ademar Silva Jr destacou a importância da união da pesquisa, ensino e extensão rural para a promoção do desenvolvimento rural sustentável. “Temos conversado muito com nossos parceiros, tentando quebrar alguns paradigmas, em especial, sobre transferência de tecnologia. Estamos fazendo um trabalho em conexão com a Embrapa, de forma que a Anater possa ser esse braço de assistência técnica e extensão rural (Ater), para levar a tecnologia ali desenvolvida até o produtor rural. E entendemos que essa conexão poderia ser feita com outras instituições, como universidades e centros de pesquisa, que têm muito conhecimento que pode ser levado para o campo de forma prática e acessível”, pondera.

Ademar Jr também ressaltou a importância da participação das empresas estaduais de Ater, as Emateres, na Câmara do Agro 4.0. “Precisamos trazer esses braços, através da Asbraer, para fortalecer a conexão entre o que está sendo discutido aqui com a ponta, que é o produtor rural no campo. Sabemos das dificuldades que os estados enfrentam para prestar serviços de Ater, e participar desse fórum é fundamental para que possam ser inseridos nesse processo de construção que está sendo empreendido aqui”, reforça.

Além das Emateres, o presidente da Anater também destacou que muitas empresas estão organizadas para prestar assistência técnica em todo o Brasil. “Temos um universo de cerca de 4,5 milhões de produtores rurais que recebem pouco ou nenhum tipo de assistência técnica, ou seja, é um universo enorme. Acreditamos na Ater como vetor de tecnologia e inovação, mas precisamos envolver todas essas instituições e empresas que podem contribuir para superar esse desafio”.

No período da tarde, os participantes se dividiram em quatro grupos de trabalho, para debater sobre desenvolvimento; tecnologia e inovação; cadeias produtivas e desenvolvimento de fornecedores; conectividade no campo e desenvolvimento profissional.

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Esta notícia foi autorizada para publicação. 

Créditos: Jerúsia Arruda da Assessoria de Comunicação da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater). 

Representantes do Agro se unem para promover a conectividade no campo

A proposta é implementar um grande projeto e aumentar a competitividade do setor agropecuário brasileiro

Levar a internet ao campo e promover a conectividade do setor agropecuário se configuram como o grande desafio para que o Brasil chegue, efetivamente, à agricultura digital – ou Agricultura 4.0. Para vencer esse desafio, um grupo de trabalho sobre conectividade no meio rural vem promovendo discussões para implementar um grande projeto e aumentar a competitividade do agronegócio brasileiro.

O grupo, liderado pela Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), reúne representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa); Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações; Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater); Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa); empresas de telecomunicação; empresas privadas do setor de insumos agropecuários, instituições parceiras como Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e Sistema OCB, entre outros.

Para o presidente Ademar Silva Jr, a conectividade no campo é fundamental para o resultado eficaz do trabalho da Anater. “A Anater tem o papel chave de levar conhecimento, inovação e tecnologia para o homem do campo, de forma efetiva. Essa lógica de conectividade da Agricultura 4.0 vai contribuir para elevar a assistência técnica e extensão rural a um novo patamar, com mais acessibilidade e segurança”, avalia.

PARCERIA

Em reunião realizada nesta quinta-feira (4), o grupo avançou na discussão sobre o ponto que considera o principal elemento desse projeto, que é a infraestrutura para promover a conexão, seja 4G, 5G, satélite, fibra óptica ou torre.

O coordenador do grupo de trabalho e da Comissão de Comunicação da FPA, deputado federal Zé Silva destaca que a agricultura precisa acompanhar a transformação digital que vem ocorrendo em todas as áreas. “A automatização dos processos impacta a produção no campo de forma sustentável. Como extensionista rural e engenheiro agrônomo acredito no avanço da produção agrícola por meio da conectividade”, afiança.

Fernando Camargo, secretário de Inovação do Mapa, explica que o grande desafio é fazer com a internet chegue efetivamente ao campo e finalmente o Brasil consiga fazer a chamada Agricultura Digital 4.0. “É uma necessidade do produtor e temos a intenção de atender e colocar o Brasil não apenas como usuário de tecnologia, mas também de exportação de inovação. E para isso é preciso conectar ao máximo o campo, para sair na vanguarda dos produtos brasileiros na exportação do agro”, projeta

Segundo o secretário, a Anater tem tudo a ver com esse processo. “A assistência técnica do futuro é a agricultura digital, ou seja, a agricultura a longa distância, por dispositivos móveis, por vídeo, a Internet das Coisas, que tem infinitas possibilidades para o setor agrícola. E o papel da Anater é levar aos rincões e aos produtores que têm menos acesso tecnologia e conhecimento para que todos cheguemos ao mesmo patamar de excelência que o Brasil precisa e merece”, ressalta

CONECTIVIDADE

De acordo com o Departamento de Inovação para a Agropecuária do MAPA, somente de 6% a 9% da agricultura brasileira possui algum tipo de conectividade e há muito a ser trabalhado para mudar essa realidade, inclusive na área urbana. “Hoje, o Brasil tem em torno de 90 mil torres de conectividade na área urbana. Os Estados Unidos têm cinco vezes esse número, algo em torno de 500 mil torres. A China tem dois milhões de torres”, aponta o diretor Luís Cláudio França.

Cleber Soares, diretor da Embrapa, explica que o grupo de trabalho fez a primeira rodada de ideias de como sobrepor camadas de infraestrutura para a conectividade no campo. “O projeto está em fase de construção e nossa expectativa é que ainda em 2019 já tenhamos disponíveis alguns pontos de conexão”, finaliza.

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Esta notícia foi autorizada para publicação. Créditos à Jerúsia Arruda da Assessoria de Comunicação da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater). 

Como inovar nas aulas de Extensão Rural?

Nos cursos das Ciências Agrárias, a disciplina de Extensão Rural demanda muito a atenção dos docentes no sentido de compreender como fazer para que disciplina possa se tornar atrativa para, em especial, um público que é cativado muito mais pelo ensino tecnicista e menos muito menos pelo humanista. 

Nesse sentido, o Portal “O Extensionista” traz algumas dicas para inovar na disciplina de Extensão Rural em sua Instituição de Ensino Superior. Confira!

1. Metodologias Ativas na Extensão Rural

–  A disciplina de Extensão Rural precisa ser reconfigurada. Não é mais possível trabalhar com ela desconexa do coração dos alunos. Extensionistas lidam com pessoas, com projetos de vida de famílias rurais, com desenvolvimento das comunidades rurais. Professores de Extensão Rural lidam com acadêmicos, com projetos de vida de acadêmicos, com desenvolvimento intelectual de seus alunos. Portanto, ambos precisam colocar doses de amor e dedicação no processo de transformação social.  

– As Metodologias Participativas de Extensão Rural prezam por dar voz as famílias agricultoras. Por que, então, não dar voz ao nosso aluno?

– Faça com que o acadêmico seja o protagonista do seu processo de aprendizado. Incentive a desenvolver habilidades e competências em que ele se sinta partícipe do processo.

– Use a “Sala de Aula Invertida” (flipped classroom) com o objetivo trocar a maioria das aulas expositivas por conteúdos virtuais.

– Algumas técnicas possíveis para serem usadas em sala de aula:

a) Aprendizagem baseada em projetos de desenvolvimento rural;

b) Aprendizagem baseada em problemas do meio rural;

c) Estudo de caso sobre a Agricultura Familiar;

d) Aprendizagem entre pares ou times em sala de aula.

2. Aproxime sala de aula e campo

– Leve os alunos para o campo vivenciar como o Extensionista emprega as suas metodologias de trabalho em Extensão Rural. Caso não puder, traga profissionais da Extensão Rural para participarem da sua aula. Esse contato com o profissional da Extensão Rural de campo desperta o interesse pela área e faz os alunos possuírem mais interesse pela sua aula.

3. Use e abuse das Metodologias Participativas de Extensão Rural

– Há diversos técnicas de metodologias participativas que podem ser colocadas para que os discentes façam a execução.

– Crie um laboratório em sala de aula em que os grupos possam exercitar como se pode construir com as famílias agricultoras as seguintes técnicas: calendário sazonal, caminhada, caminhada transversal, descoberta técnica, dia de campo, diagnóstico participativo por campo, diagrama de Venn, eleição de prioridades, hierarquização por frequência, entrevista estruturada, entrevista semiestruturada, excursão, linha do tempo, mapeamento participativo, oficinas, painel de visualização, reunião problematizadora, semana especial, tempestade de ideias, unidades de experimentação (UE).

4. Reduza o uso de Power Point (apresentação visual)

– O programa da Microsoft auxiliou muito na educação brasileira, ajudou muitos professores, inovou. No entanto, hoje não é mais diferencial. O uso desproporcional do Power Point ou o seu uso não didático faz com que os alunos não prendam a atenção na aula. Aliás, o quadro tem se tornado novamente um ótimo recurso para quebrar essa corrida de conteúdo para vencer a ementa da disciplina. O tempo do quadro é um tempo mais razoável que o tempo da apresentação visual. O discente precisa mastigar o conteúdo. Correr com os slides não ajuda definitivamente no processo de ensino na Extensão Rural.

5. Use as Tecnologias de Informação e Comunicação ao seu favor.

– Atualmente nossos jovens possuem muita familiaridade com redes sociais, aplicativos, elaboração de vídeos e banners digitais. Use essas ferramentas para dinamizar sua aula.

– Solicite que as apresentações de trabalho sejam feitas com vídeo elaborado pelos alunos. Ou que eles façam banners digitais e postem em suas redes sociais. Há diversas ferramentas que podem ser usadas para que os alunos se aproximem da aula e do conteúdo da Extensão Rural.

– Há ainda plataformas como Canva, Youtube, Blogger (construção de Blogs), Coggle (mapa mental) e Wikipédia que podem ajudar no processo de Ensino e Aprendizagem.

6. Tecnologia é bom, mas leitura é fundamental.

– Não é possível que se formem bons Extensionistas sem que eles se aprofundem nas diretrizes teóricas da Extensão Rural. É preciso provocá-los para a leitura.

– Realizar aulas em que grupos são responsáveis por explicar textos, debater, dialogar sobre os enfoques e diretrizes da Extensão Rural é uma boa pedida sempre. Estimule-os com nota. Afinal, o jogo de sala de aula precisa ser jogado.

7. Aprender e Exercitar

– A sala de aula precisa ser um laboratório de Extensão Rural. O professor ensina algo, o aluno reflete e já se sugere que ele exercite o que aprendeu. Esse processo envolve planejamento didático mais apurado que proporciona efeito muito bom em sala de aula. Instigue seu aluno. Tire ele da passividade.

8. Envolva os discentes no Diagnóstico Rural participativo

– Crie um espaço na disciplina para que os alunos saiam em busca de realizar um diagnóstico rural participativo com as famílias rurais. A ida a campo, pelos discentes, trará grandes experiências para sala de aula.

[Esse é um post que aceita sugestões de estratégias didáticas para inovar na docência em Extensão Rural. Contribua conosco! ]

Como citar esse texto:

O EXTENSIONISTA. Como inovar nas aulas de Extensão Rural?. v.1, n.8, p. 1-3, Maio. 2019. Disponível em: https://oextensionista.com/2019/05/07/como-inovar-nas-aulas-de-extensao-rural/ . Acesso em: DIA Mês. ANO