Escrito por: Valeria Piñeiro, Joaquín Arias e Honor Dearlove
À medida que as populações crescem e a crise climática se intensifica, as práticas agrícolas sustentáveis são essenciais para mitigar os impactos ambientais negativos e aumentar a eficiência dos sistemas alimentares. Porém, persuadir os agricultores a adotar tais práticas costuma ser um desafio. Como os formuladores de políticas podem promover uma mudança em direção à agricultura sustentável de forma a promover mudanças significativas?
Nosso recente resumo de política argumenta que a resposta a esta pergunta está na cadeia incentivos-adoção-resultados: quão bem os diferentes incentivos promovem a adoção, se a adoção leva a mudanças significativas e mensuráveis nos resultados e quais fatores moldam essas ligações.
Revisando estudos de vários países, examinamos três tipos de incentivos: mercantis e não mercantis, medidas regulatórias e medidas de conformidade cruzada que vinculam os pagamentos diretos aos agricultores que seguem os padrões ambientais básicos ou mantêm a terra em boas condições agrícolas e ambientais.
As evidências mostram que os incentivos que promovem benefícios econômicos têm maior probabilidade de levar à adoção de melhores práticas no curto prazo, especialmente se forem voluntários. No longo prazo, entretanto, resultados positivos para a fazenda ou o meio ambiente são os principais motivadores.
Neil Palmer / CIAT – Um agricultor participando de um programa de agricultura inteligente para o clima no Quênia.
Embora a análise do escopo tenha revelado lacunas de conhecimento importantes que devem ser abordadas em um futuro próximo, podemos fazer algumas recomendações simples, mas importantes para os formuladores de políticas seguirem ao projetar e implementar incentivos para a agricultura sustentável:
1 – Equilibre incentivos e resultados: ao determinar o tamanho do incentivo para motivar efetivamente uma mudança para práticas sustentáveis, considere os resultados de curto e longo prazo, bem como os possíveis riscos.
2 – Conheça seus agricultores: os formuladores de políticas devem estar familiarizados com os agricultores que eles estão tentando influenciar. Uma série de fatores como educação, aversão ao risco e experiência impactam a disposição dos agricultores de serem agentes de mudança.
3 – Simplifique: instrumentos complexos e inflexíveis, como regulamentos, são menos motivadores para os agricultores e mais caros do que abordagens voluntárias mais simples.
4 – Fornecer apoio complementar: uma combinação de instrumentos de política é mais eficaz do que uma abordagem de política única. Por exemplo, fornecer assistência técnica aos agricultores pode tornar a adoção de novas práticas agrícolas mais acessível e sustentável.
5 – Esteja ciente de que as preferências comportamentais são importantes: os incentivos devem ser concebidos e implementados de uma forma que responda às características da população-alvo. O efeito bandwagon também pode ajudar a adoção de práticas sustentáveis se tornar mais generalizada.
6 – Prepare-se para um horizonte de longo prazo: tenha em mente que pode demorar muito até que haja efeitos econômicos e ambientais mensuráveis. Isso significa que o apoio financeiro costuma ser útil para sustentar os agricultores no curto prazo.
7 – Criar um ambiente favorável: a capacidade dos agricultores de buscar práticas agrícolas sustentáveis depende de infraestrutura, pobreza estrutural, mercados, preços e muito mais. Isso significa que os formuladores de políticas e as instituições agrícolas devem se concentrar em ajustar e implementar políticas para reduzir as barreiras nessas áreas que impedem a capacidade dos agricultores de fazer a transição para práticas sustentáveis.
São necessárias mais pesquisas e uma extensa coleta de dados sobre a cadeia de incentivos-adoção-resultados para melhor compreender os custos da adoção de práticas agrícolas sustentáveis. Mas, se amplamente adotadas, essas diretrizes podem ter impactos ambientais e econômicos significativos e ajudar a criar um sistema alimentar e agrícola mais produtivo e sustentável.
Sobre os autores:
Valeria Piñeiro é Coordenadora de Pesquisa Sênior da Divisão de Mercados, Comércio e Instituições do IFPRI; Joaquín Arias é Especialista Técnico Internacional no Centro de Análise Estratégica para Agricultura (CAESPA) do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura, San José, Costa Rica; Honor Dearlove é estagiária de comunicações da IFPRI.
Sobre o projeto:
Este resumo foi realizado como parte do Programa de Pesquisa sobre Políticas, Instituições e Mercados (PIM) do CGIAR liderado pelo IFPRI. Essas descobertas foram beneficiadas pelo programa Ceres2030, desenvolvido em cooperação com a Cornell University, IFPRI e o Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável. Os autores agradecem ao programa Ceres2030 e seus financiadores, BMZ (Ministério Federal de Cooperação e Desenvolvimento Econômico da Alemanha) e a Fundação Bill & Melinda Gates.
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Os créditos desta notícia é do Portal IFPRI. Para acessar a notícia original, clique aqui.