Família que mora no Assentamento de Reforma Agrária é exemplo nas atividades agropecuárias e na valorização e protagonismo no espaço rural.
A HISTÓRIA
A família Santana mora, vive e reproduz suas atividades econômicas no meio rural de Unaí, Minas Gerais. A família é formada pelo casal Edmilson Santana e Rosimeire Corrêa da Silva Santana e tem três filhos: Dayane, Rael e Romário. Com o objetivo de melhorar a qualidade de vida fez com que os pais do agricultor Sr. Edmilson se mudou para Unaí, em Minas Gerais, na época quando ele tinha apenas quatro meses de vida. A região sempre foi uma área próspera para trabalho.
O município de Unaí-MG está localizado na Região Noroeste de Minas Gerais, sendo que atualmente está entre os maiores PIBs agropecuários brasileiros. Já Rosimeire nasceu e cresceu na fazenda, na época seus pais eram arrendatários, ambas as famílias vieram de Morada Nova/MG e conseguiram visualizar na região uma oportunidade para criar raízes.

A DIVERSIFICAÇÃO NA PROPRIEDADE
A área total da propriedade, situada no P.A Tabocas, à 15 KM da cidade de Unaí-MG, envolve 55 hectares. Na unidade de produção são realizadas inúmeras atividades com foco na diversificação da produção. Uma das atividades econômicas da família envolve a criação de frangos com finalidade de comercialização dos galináceos e dos ovos. Além disso, a família se dedica na produção para o autoconsumo como criação de porcos, na fabricação de farinha e rapadura; e cultivo de açafrão – tempero muito utilizado na culinária brasileira. Todas as atividades são desenvolvidas pela família Santana contando exclusivamente com a mão de obra dos filhos.
Na fazenda são produzidas culturas como milho e sorgo que são usadas para a alimentação do rebanho. O espaço de produção conta com áreas de plantio, pastagem e atualmente, cerca de ½ hectare é destinado ao sistema agroflorestal. O sistema agroflorestal visa a produção de culturas de importância agronômica, consorciadas com o plantio de árvores, configurando um sistema totalmente sustentável gerando inúmeros benefícios à propriedade. As atividades cultivadas no sistema são variáveis de acordo com a dinâmica temporal da propriedade.
A família Santana optou pela produção de Banana, Mamão, Citrus, Acerola, Carambola, Figo, Goiaba, Café, Acácia, entre outras. A unidade de produção também produz mel, criando abelhas Apis Mellifera e abelhas sem ferrão das seguintes espécies: Mocinha Preta, Marmelada, Jataí e Mandaguari.

O LEITE COMO PRINCIPAL ATIVIDADE ECONÔMICA
A atividade leiteira é a principal fonte de renda da propriedade da Família Santana, consolidando o sustento da família e possibilitando um ingresso de renda mensal na propriedade. Atualmente, a propriedade produz aproximadamente 250 litros por dia que são comercializados na Cooperativa Agropecuária do Vale do Paracatu Ltda (Coopervap).
A família já investiu no aumento e melhoria do rebanho e, atualmente, está com um novo projeto de alcançar a produção de 500 litros por dia. Para realização da ordenha das vacas, envolve diretamente a mão de obra familiar, sendo realizada por Rosimeire (matriarca) e sua filha Dayane que trabalhou durante muito tempo na gerência de loja na cidade e decidiu retornar ao campo para auxiliar a família nos trabalhos diários.

USO DO CRÉDITO RURAL PARA MULHERES
Para investimento na propriedade, a Sra Rosimeire utiliza a linha de crédito destinada para a agricultura familiar, em especial, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), em função que a propriedade se enquadra nos requisitos estabelecidos pela Lei da Agricultura Familiar. Nesse sentido, Rosimeire optou pelo PRONAF Mulher, sendo que o crédito foi utilizado na construção de um galpão para criação de frangos caipiras e a família já está comercializando os frangos e ovos.

ATIVIDADES NÃO AGRÍCOLAS AJUDAM NA DIVERSIFICAÇÃO DA RENDA DOS FILHOS
O filho Romário tem 32 anos, agricultor, é servidor público municipal, lecionando aulas para anos iniciais de escolas públicas no município de Unaí. Atualmente, é aluno do Mestrado em Estudos Rurais (PPGER) na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Até 2019, Romário conseguia conciliar o serviço e auxiliar os pais no cultivo da horta e nas vendas dos produtos vindos do sistema agroflorestal. Boa parte dos produtos orgânicos eram comercializados nas feiras municipais da cidade.
Devido a demanda de serviço na escola, trabalhando em tempo integral, Romário teve que interromper a contribuição com sua mão de obra na propriedade da família. Atualmente, devido a necessidade de acesso aos meios de comunicação exigidos pelo trabalho home office como a demanda de internet de qualidade para o trabalho, fez com que Romário se mudasse de vez para a cidade. No entanto, Romário está repensando se esta foi a melhor decisão. Talvez, no futuro possa retornar ao campo novamente.
Rael e seu pai além de cooperar com os trabalhos desenvolvidos na propriedade no tempo livre prestam serviços aos demais proprietários nas construções de barracões e cercas. Isso fortalece o ingresso de renda na unidade de produção e consolida a família no meio rural Unaiense.

Sistema Agroflorestal. Foto: Romário Santana
O FUTURO E O APEGO AOS ENSINAMENTOS GERACIONAIS
A família Santana tem o projeto de retirar novas linhas de crédito para novos investimentos na propriedade com intuito de aumentar a produção e melhorar as benfeitorias já existentes.
A família vive no meio rural com os desafios enfrentados no mundo contemporâneo, mas preservando os ensinamentos passados de geração em geração. Apesar das dificuldades encontradas para tocar o próprio negócio, a família Santana buscou permanecer no campo e lutar pela propriedade, a propriedade encontra-se em processo de regularização de títulos da terra.
O êxito na realização de tantas atividades deve à vontade e motivação dos membros na lida do campo e na prospecção de um futuro com boa qualidade de vida para os filhos. Diante de vários cenários de desistência das atividades do campo, a família Santana é um exemplo de sucesso e dedicação na agricultura de base familiar no meio rural de Unaí em Minas Gerais.

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Esta notícia foi criada com incentivo do Programa de Bolsas de Apoio à Cultura e à Arte (Procarte) da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).
Elaboração: Maria Eduarda Cardoso Ferrari (Bolsista)
Informações e revisão: Romário da Silva Santana
Fotos: Romário da Silva Santana
Revisão final: Ezequiel Redin, André Moura