Na última semana, a Emater/RSAscar, em conjunto com a Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), desencadeou o Programa Avançar na Agropecuária e no Desenvolvimento Rural Eixo Estratégico Irriga RS, que tem como objetivo viabilizar a construção de 6.025 estruturas escavadas (açudes) para armazenamento de água em todo o Estado.
Além das ações convencionais de apoio ao produtor para auxílio na reservação de água, os escritórios da Emater/RS-Ascar na Região Centro-Sul estiveram, juntamente com as prefeituras, empenhados na seleção e encaminhamento de fichas de inscrição de mais de 200 produtores que terão direito à elaboração de projetos de confecção de açudes neste ano. Esse número de açudes se soma aos mais de 500 construídos ao longo dos últimos anos. Ter armazenamento de água é essencial, dentro do contexto de infraestrutura básica da propriedade, possibilitando garantia e estabilidade na produtividade das lavouras cultivadas, destacam os extensionistas da Emater/RS-Ascar Elias Kuck e Volnei Wruch Leitzke.
Na Região Centro-Sul do Rio Grande do Sul, a precipitação anual é de 1.500 a 1.600mm em média, ou seja, durante um ano chove em torno de 1.500 a 1.600 litros em 1m² (1m x 1m). É um volume considerável, em comparação com algumas outras regiões do país, que têm média de até 500 mm/ano. Contudo, anualmente, as culturas e criações, fundamentais para a economia como um todo, têm sido afetadas por recorrentes estiagens, em menor ou maior grau, conforme o ano.
Ocorre que no verão temos o aumento da temperatura, da radiação e, consequentemente, da demanda hídrica por parte das principais culturas de verão (o milho pode demandar até 8 mm/dia), resultando em perdas de potencial produtivo. Outro fator complicador é que cada vez mais a chuva tem ocorrido associada a eventos extremos, onde frequentemente a precipitação média de um mês (100 a 130 mm) advém em um único dia, alternado com períodos de escassez por semanas.
Muito se avançou na compra de equipamentos de irrigação através de financiamentos, desde pequenos sistemas até grandes projetos, incluindo gotejamento, aspersão, carretéis de irrigação, inundação e até sistemas de pivô central. Porém a demanda de reservação de água para a viabilidade desses sistemas pode ser muito grande e, em cenários de agravamento da estiagem, observa-se o colapso desses projetos. Para tanto, torna-se evidente a necessidade de avançarmos fortemente na proposição de formas racionais e economicamente viáveis de acúmulo desse excedente de água em períodos de inverno, para sua utilização na primavera/verão, ressalta Kuck, ao explicar que, além da serventia agrícola, há um forte benefício ambiental no sentido de infiltração dessa água em períodos secos, repondo o subsolo e proporcionando a utilização por animais da fauna silvestre, abelhas, entre outros.
Em primeiro lugar, é fundamental que o agricultor compreenda a importância da construção de reservatórios de água, no contexto de infraestrutura básica da propriedade. Não é raro encontrar a recusa na construção de açudes devido os proprietários considerarem uma perda de espaço produtivo. Um grande gargalo na construção de reservatórios escavados nesta região diz respeito às características de solo e subsolo na região, onde o solo predominante, o Argissolo e Neossolo, frequentemente apresentam baixo teor de argila e, em alguns casos, horizonte rochoso muito próximo a superfície, o que acarreta em diversos casos, a inviabilidade na construção, devido à infiltração da água acumulada.
Para tanto, se torna necessária a avaliação técnica na proposição de outras possibilidades, como o uso de cisternas, geomembrana, utilização da água dos telhados, bem como o correto dimensionamento dentro da propriedade, observando outros fatores no projeto, como distância e altura nanométrica desse reservatório, consumo de diesel e/ou de energia elétrica, assim como também a qualidade dessa energia elétrica. Nessa avaliação técnica, pode-se chegar à conclusão da viabilidade da irrigação em apenas uma parte da área, conduzindo a reorganização dos sistemas produtivos e o uso das áreas, pensando alternativas numa perspectiva global de gestão da propriedade, como por exemplo destinar as áreas mais críticas para pastagens perenes, culturas florestais ou integração pecuária/floresta.

Aspectos construtivos do açude e subsolo precisam ser avaliados tecnicamente, em alguns casos o uso da retroescavadeira hidráulica retira toda a camada mais argilosa do centro do açude, expondo a bacia de acumulação de água a uma condição de alta infiltração e perda dessa água. Sendo assim, em muitos casos se faz necessário repor essa camada argilosa, que auxilia na redução de infiltração do volume acumulado.
Segundo Kuck, é essencial entender que os solos têm grande capacidade de armazenar água e são a forma mais eficiente e barata que se tem para reservação, pois em média 1m3 de solo bem manejado (1mx1mx1m) pode armazenar 300 litros dágua.
Solos bem manejados com plantas de cobertura, descompactação e manejos conservacionistas, que aumentem a microporosidade e a matéria orgânica, são aliados do agricultor, tornando o solo uma grande espoja, que irá liberar a água necessária para as plantas no momento adequado. Já a palhada resultante de culturas anteriores funciona como um cobertor, reduzindo a temperatura do solo e mantendo também a água/umidade por mais tempo.
Por isto é importante entrar em contato com a Emater/RS-Ascar e buscar informações sobre o assunto e os serviços de apoio ao agricultor que a Instituição oferece, para qualificar o solo e/ou ampliar a reservação de água na propriedade.
Este texto integra o projeto de divulgação de ações de Assistência Técnica e Extensão Rural e Social (Aters) na região Centro-Sul.
Fonte: Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar
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