Expansão da produção de soja no Brasil está ligada a um aumento significativo nas mortes por câncer infantil, revela pesquisa científica

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Uma pesquisa recente publicada na renomada revista científica PNAS revelou uma ligação alarmante entre a expansão da produção de soja no Brasil e um aumento significativo nas taxas de mortalidade por câncer infantil, especialmente leucemia linfoblástica aguda (LLA). O estudo, que se estendeu por 15 anos, abordou a falta de pesquisas em nível populacional sobre os impactos da intensificação do uso de pesticidas na saúde humana.

O Brasil, atualmente o maior produtor mundial de soja, também lidera o consumo global de pesticidas perigosos. Apesar das preocupações sobre os riscos à saúde associados à exposição a pesticidas, a pesquisa destacou a escassez de estudos abrangentes sobre os efeitos dessa intensificação na saúde da população.

Os resultados revelaram um aumento estatisticamente significativo na incidência de leucemia pediátrica após a expansão da produção local de soja. No entanto, os pesquisadores observaram que o acesso oportuno ao tratamento teve um papel mitigador nessa relação. O estudo também apontou que a exposição a pesticidas provavelmente ocorre por meio da contaminação da água potável.

De acordo com as descobertas, estima-se que 123 crianças com menos de 10 anos morreram de LLA associada à exposição à soja entre 2008 e 2019, representando cerca de metade de todas as mortes relatadas de LLA nesse grupo etário durante o mesmo período.

Os pesquisadores enfatizam que esses resultados representam apenas a ponta do iceberg das implicações para a saúde resultantes da produção agrícola intensiva e da mudança no uso da terra. A pesquisa destaca a necessidade urgente de regulamentações mais rígidas sobre o uso de pesticidas e maior atenção da saúde pública à exposição comunitária.

O estudo ressalta ainda que os impactos não se limitam à leucemia, sugerindo que a exposição a pesticidas pode ter efeitos adversos em diversas outras formas de doenças, incluindo outros tipos de câncer, doenças neurológicas e intoxicação aguda por pesticidas.

Diante desses resultados, os pesquisadores instam as autoridades de saúde a adotarem políticas mais rigorosas para mitigar os riscos identificados. Propõem a expansão do acesso ao tratamento do câncer em áreas afetadas, desenvolvimento de registros abrangentes de diagnósticos de câncer, e a implementação de medidas para monitorar e controlar o uso de pesticidas.

O estudo destaca a necessidade crítica de uma abordagem abrangente para enfrentar os desafios à saúde pública relacionados à intensificação da produção agrícola e o uso indiscriminado de pesticidas no Brasil. Essas descobertas chamam a atenção para a importância de considerar as implicações para a saúde humana quando comunidades passam por mudanças significativas na produção agrícola.

Leia mais sobre o estudo na revista científica PNAS, clicando aqui!

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