IDR-Paraná investe em projeto para manter o jovem no campo

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O cultivo de hortaliças e frutas é uma alternativa para muitos produtores da região de União da Vitória. O bom retorno financeiro, num curto período de tempo, e a alta rentabilidade por área são os atrativos da atividade. Esses fatores têm atraído especialmente os jovens que têm poucas opções de trabalho na área rural, o que os obriga a migrar para centros urbanos. Um projeto, envolvendo Casas Familiares Rurais e o IDR-Paraná, pretende diminuir esse êxodo. Com tecnologia e uma nova forma de produção, professores e extensionistas, oferecem uma alternativa para que a população mais jovem continue no campo, trabalhando e gerando renda para realizar os seus sonhos.

A olericultura e a fruticultura vêm se firmando na região de União da Vitória desde 2016, quando o IDR-Paraná, Emater à época, começou a difundir a ideia de que os agricultores locais poderiam atender a demanda regional por alimentos. Além disso, os extensionistas fizeram um trabalho para criar uma identidade própria dos produtos regionais, bem como disseminaram práticas que garantiram a produção de alimentos saudáveis. De acordo com José Eustáquio Pereira, do IDR-Paraná de União da Vitória, o esforço valeu a pena.  “Analisando os dados de um ano do projeto, percebemos que 55 dos produtores que participaram desse trabalho, tiveram aumento de renda, ultrapassando o rendimento das atividades tradicionais, como o plantio de soja, milho e até mesmo do tabaco,” observou.

Outra constatação dos extensionistas foi o grande número de mulheres e jovens envolvidos na atividade. A partir desse fato, o IDR-Paraná definiu um plano de trabalho a ser executado nas Casas Familiares Rurais (CFR) de União da Vitória e Cruz Machado.  Ao todo 21 alunos, de 14 a 18 anos, participam do trabalho. A professora Sandra Brixi, responsável pela área de projetos da Casa Familiar de União da Vitória, explica que o projeto tem conseguido êxito pela forma como foi estruturado. “Pelo fato de os alunos começarem com uma área pequena (600 metros quadrados), o trabalho não interfere na economia das propriedades. É uma chance de o estudante colocar em prática o que aprende na escola. Quando a família apoia o jovem, ele tem sucesso e permanece na propriedade. Assim, evitamos o êxodo da população rural e essa é uma das funções da Casa Familiar Rural”, observou.

Jovens de sucesso – O projeto começa com a apresentação da proposta de trabalho para os estudantes. O jovem que aceita participar, é acompanhado mais de perto. Os pais do aluno são convidados para conhecer o projeto, validar e acompanhar o trabalho. Tudo o que o jovem aprende no espaço da horta escolar é aplicado na propriedade. O corpo técnico da CFR e os extensionistas fazem visitas a cada dois meses, pelo menos, para orientar os estudantes. “Eles começam com uma área pequena, de 600 metros quadrados, que têm um custo de R$ 500 e que pode gerar até R$ 5.500 mensais para a família. Quando o jovem domina a tecnologia, e o mercado, ele pode aumentar o cultivo. Como são estudantes do curso de Técnico em Agropecuária, o projeto também forma novos agentes de assistência técnica, suprindo a deficiência para o atendimento dos produtores em geral”, explicou José Eustáquio Pereira.

Exemplos não faltam de jovens que, se deram bem na atividade e estão ampliando a área na propriedade de suas famílias. Kauane Plasse, 17 anos, de Cruz Machado, com apenas oito meses de trabalho, ampliou a área de hortaliças para 1.000 metros quadrados. Ela também já conquistou 63 clientes para os quais faz a entrega direta de hortaliças, semanalmente. Os bons resultados conseguidos por Brenda Kukla, 17 anos, de União da Vitória, fez com que a família ampliasse a área de olericultura da jovem, para 800 metros quadrados. Ela vende a produção na feira do município. No caso de Luan Spunar, 18 anos, de Cruz Machado, a maior preocupação, foi conquistar mercado. Ele plantou 600 metros quadrados com hortaliças, mas prevê dobrar a área na próxima safra. O jovem vai se associar à COOAVI (Cooperativa Agroecológica de Cruz Machado), para conquistar novos consumidores.  

SPDH – Uma das estratégias para que a olericultura ganhe espaço na região, é a adoção do SPDH (Sistema de Plantio Direto de Hortaliças). “Observamos, depois de uma capacitação feita na região, que o SPDH é uma das ferramentas mais eficazes e com resultados garantidos para a produção de alimentos saudáveis. Muitos desses jovens, entre quatro ou cinco anos, poderão obter a certificação como produtores orgânicos”, disse Pereira. O extensionista ainda acrescentou que, o sistema permite a produção de hortaliças nas condições de clima da região, com pouco manejo do solo e manutenção da fertilidade, com o uso das áreas com plantas de cobertura. A Estação de Pesquisa do IDR-Paraná de Ponta Grossa, fornece as sementes de adubos verdes para que os jovens possam implantar o SPDH em suas propriedades. “O restante dos insumos, como equipamentos, é adaptado com o que o produtor já tem”, destacou o extensionista.

Por enquanto, todos os estudantes usaram recursos próprios para implantar as áreas com hortaliças. Mas a ideia, de acordo com Pereira, é incentivar a criação de políticas públicas municipais, para subsidiar a implantação de projetos de olericultura e fruticultura na região. A conversa já está adiantada em Cruz Machado e União da Vitória, onde há uma preocupação em difundir as boas práticas agrícolas. O projeto também trabalha com Unidades de Referência em União da Vitória, Paula Freitas, Cruz Machado e Porto Vitória. São todas propriedades onde o trabalho dos jovens participantes do projeto, ganhou destaque e servem de modelo para outros agricultores.

Capacitar os estudantes é uma preocupação constante do projeto, por isso mesmo, os jovens envolvidos nesse trabalho participam de uma outra iniciativa, o Projeto INOVAR. A professora Sandra explica que as Casas Familiares fizeram uma parceria com a pesquisa do IDR-Paraná e prefeituras, para capacitar estudantes na produção de olerícolas, frutas vermelhas, erva-mate e forragens. Um grupo de jovens e produtores já participou de um curso sobre a produção de amora, na Casa Familiar Rural de União da Vitória. Wilson Schveiczrski, da Estação de Pesquisa do IDR-Paraná de Palmas, repassou informações sobre o cultivo e manejo da amora. Em setembro, ou outubro, cada participante receberá 300 mudas de amoreira para implantar um pomar em sua propriedade. Na opinião de Pereira, é uma forma importante de difundir novas tecnologias na região.

Assim, o trabalho com jovens vai sedimentando um caminho seguro e formando uma nova geração de produtores. As CFR’s estão cadastrando os interessados em participar do projeto, mas as vagas são limitadas, para que se mantenha a qualidade de atendimento e o projeto atinja os objetivos propostos.

Fonte: IDR-PARANÁ

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