Uma história na criação de gado e nas rendas não-agrícolas resumem o sucesso da família no campo
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Nesta reportagem a equipe do Portal O Extensionista entrevista a família Duarte que desenvolve a atividade de criação de gado de corte em Senhora do Carmo, distrito de Itabira em Minas Gerais.
A propriedade da Família Duarte tem sua sede no município de Itabira em Minas Gerais. Itabira está localizado no Quadrilátero Ferrífero, a leste da capital do estado de Minas Gerais, distante cerca de 110 km de Belo Horizonte. A população estimada no município é de 121.717 pessoas, com uma densidade demográfica de 87,57 hab/km². Possui área total de 1.253,704 km², segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na dimensão social, o local apresenta uma taxa de escolarização de 98,7 % entre 6 a 14 anos de idade em 2010, um coeficiente de mortalidade infantil de 13,87 por mil nascidos vivos em 2012. Na dimensão econômica, o Produto Interno Bruto (PIB per capita) em 2019 foi R$ 60.417,39 com destaque para a indústria e prestação de serviços, segundo dados do IBGE. No setor primário, o município se dedica às atividades de pecuária e agricultura. Nessa região, a Família Duarte foca suas atividades na pecuária de corte como principal estratégia econômica da unidade de produção.
A HISTÓRIA
A família é composta por Paulo César de Oliveira Duarte, nascido em Senhora do Carmo, distrito de Itabira, interior do Estado de Minas Gerais, e Andréa Maria de Oliveira Saez Duarte, sua esposa, natural da mesma localidade. Andréa e Paulo são casados há 25 anos, durante esse período tiveram dois filhos, Letícia e Vinícius. São proprietários do Sítio Olaria.
Paulo César de Oliveira Duarte, trabalhou durante 34 anos em uma grande empresa de mineração e, atualmente, aos 55 anos está aposentado. A experiência que adquiriu ao longo dos anos em seu antigo trabalho, auxiliou nas atividades voltadas para a agropecuária. A graduação em Administração de Empresas proporcionou know-how para investir no segmento de pecuária de corte com segurança. Andréa Maria de Oliveira Saez Duarte, trabalha com educação há 30 anos na rede pública municipal e estadual. É professora com licenciatura em Letras e Pós-graduação em Educação Inclusiva e Especial.
A propriedade da família, Sítio Olaria, foi formada por quatro partes da fazenda do avô materno de Paulo: a primeira é proveniente da negociação da partilha de bens do inventário materno; a segunda parte envolveu a aquisição de terras de uma tia; a terceira parte é resultante da compra da propriedade lindeira com o dinheiro da venda de um apartamento e a quarta parte foi adquirida após a sua aposentadoria, com o término do vínculo empregatício com a empresa e pelo recebimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).
O Sítio começou suas atividades na pecuária com 16 bezerros em um terreno de dois piquetes e sem curral. Devido a isso, o proprietário curava os bezerros em um canto de cerca ou os levava até o curral do vizinho. Seguiu dessa forma até comprar a terra da sua tia, onde em 2001, construiu um curral com o intuito de criar 40 bovinos. No ano seguinte, investiu na criação de nelores.

O GADO DE CORTE COMO PRINCIPAL ATIVIDADE ECONÔMICA DA FAMÍLIA
O Sítio Olaria possui cerca de 75 (setenta e cinco) hectares, sendo que desde o seu início as atividades foram focadas na criação de gado de corte como a principal fonte de renda da família. Atualmente é realizada a plantação de safra de milho dando início a produção agrícola. Com a plantação de safra de milho, foi possível realizar o primeiro confinamento, no qual foram integrados 20 bois. Segundo o Sr. Paulo, não foi uma operação muito lucrativa, entretanto, serviu como aprendizado para pontuar os acertos e aplicá-los no próximo confinamento. Tal contexto demonstra a importância dos processos de aprendizagens nas atividades do campo, promovendo experiências que servem de bagagem para os produtores na busca pela maximização da produção e das rendas agropecuárias.
No decorrer dos anos, a propriedade iniciou com 16 cabeças de gado e ultrapassou mais de 100 na sua lotação. Em 1999, foi realizada a primeira venda de bois para o matadouro, quando havia carcaças com 94 quilos. Na última venda, realizada em outubro de 2021, foram abatidos bois com 25 arrobas (375 quilos), com menos de 36 meses de idade. Os números indicam um grande salto de produtividade em um período de 22 anos.

O USO DO CRÉDITO RURAL DO GOVERNO FEDERAL
Para ampliar o investimento da propriedade, em 2020, o Sr. Paulo realizou um novo projeto e efetuou um empréstimo rural pelo Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (PRONAMP), resultando na aquisição de 47 bezerros.
A IMPORTÂNCIA DA MÃO DE OBRA FAMILIAR
O filho mais velho, Pedro, atualmente com 35 anos, possui uma barbearia e, sempre que possível, visita o Sítio Olaria para ajudar nas atividades.
A filha Letícia, atualmente com 21 anos, também auxilia nas atividades realizadas na fazenda. Em 2019, a fim de aprimorar os seus conhecimentos na área, mudou para Unaí, ingressando no ensino superior. Atualmente, está cursando Medicina Veterinária no Instituto de Ciências Agrárias (ICA) da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), Campus Unaí, MG. Devido à pandemia, retornou para a propriedade para ajudar com os afazeres do dia-a-dia e, ao mesmo tempo, intercala com os estudos da graduação.
O filho mais novo, Vinicius, atualmente com 16 anos, ainda cursando o ensino médio, auxilia no cuidado com o gado e na realização de atividades da propriedade durante os finais de semanas.
Andréa trabalha durante a semana e, aos fins de semana, dirige-se para o Sítio Olaria. Apesar de não ter uma função específica na propriedade, Andréa assume quase todas as despesas referentes à alimentação, educação, manutenção da casa e vestuário, para que desta forma, Paulo possa investir exclusivamente na manutenção do Sítio Olaria.

O FUTURO DO SÍTIO OLARIA
A família Duarte tem grandes expectativas de crescimento para a propriedade. A filha Letícia, cursando Medicina Veterinária, coloca em prática o que aprende durante a graduação e auxilia na tomada de decisão nas novas atividades planejadas para o Sítio.
Com a implementação da plantação de safra de milho, Sr. Paulo decidiu aumentar a área de plantio com a realização de um novo projeto de confinamento para o ano de 2022, no qual estima que serão confinados entre 60 e 70 cabeças de gado, dependendo do resultado do milho plantado. Além disso, a propriedade saltou de 16 (dezesseis) cabeças de gado para mais de 100 (cem) cabeças na sua lotação em um período de 24 (vinte e quatro) anos, deixando a família com grandes expectativas de acrescentar mais de 250 cabeças nos próximos 2 (dois) anos, dependendo do desempenho da propriedade.
Como o próximo passo, a família pretende dividir a área em piquetes para uso diário, aumentando o espaço de plantio da roça. Na propriedade projetam, ainda, retornar com a rotina de adubação dos pastos, inserir mais saleiros para o gado e construir outras áreas comuns entre os piquetes. Além disso, deseja-se criar uma rotina de bater os pastos anualmente. Com isso, todos os membros da família Duarte estão muito motivados com essa nova fase do Sítio Olaria e com grandes expectativas para o futuro no campo.
A iniciativa da Família Duarte é mais um exemplo de que a pecuária familiar, aliada a valorização do trabalho da família no meio rural, potencializa o fortalecimento das estratégias produtivas no campo, gerando renda e possibilidades de sucessão familiar rural. São iniciativas como essas que reforçam a diversidade da agropecuária e sua importância na contribuição para promoção de um verdadeiro desenvolvimento rural, com qualidade de vida para as pessoas que vivem, moram e se dedicam às atividades agropecuárias no meio rural brasileiro.
Referência
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Itabira, Minas Gerais. Rio de Janeiro. IBGE Cidades, 2021. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mg/itabira/panorama. Acesso em: 28 fev. 2022.
Esta notícia foi criada com incentivo do Programa de Bolsas de Apoio à Cultura e à Arte (Procarte) da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).
Elaboração: Laura Rosa Corrêa (Bolsista)
Informações e revisão: Paulo César de Oliveira Duarte, Letícia Maria Saez Duarte e Andréa Maria de Oliveira Saez Duarte
Fotos: Leticia Maria Saez Duarte
Revisão final: Prof. Dr. Ezequiel Redin, Janice Queiroz de Pinho Gonçalves; Romário da Silva Santana; Michele Weber Lorenzoni.
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